por Bruna Veiga
Infelizmente a violência contra a mulher e o silêncio que aflige a vÃtima é uma realidade cruel. As estatÃsticas são bem claras: o Brasil ocupa a 5ª colocação entre as piores taxas de feminicÃdio no mundo. No entanto, é importante frisar que tais números não expressam ainda a magnitude dos casos de violência, tendo em vista a grande ocorrência de subnotificações.Â
As vÃtimas decorrentes desse tipo de violação, em sua maioria, são mulheres que vivenciam as agressões, em suas diversas formas, entre quatro paredes, sem nenhuma visibilidade, sem auxÃlio, coberta pelo manto do silêncio com a finalidade de resguardar a boa moral, os bons costumes ou até por se culpar por tudo que vive ou ainda por não se visualizar no contexto de violência.
Dessa forma, tendo em vista que o crime ocorre, por diversas vezes, no silêncio e aconchego dos lares, é importante frisar que esta mulher não está sozinha e que diante da situação de violência, quando a mulher vÃtima busca ajuda para encerrar este ciclo, a sua palavra é de grande valia, além de existirem maneiras cientÃficas válidas e aceitáveis juridicamente que compõe o conjunto probatório e que integra o processo judicial no intuito de comprovar a verdade dos fatos para embasar o livre convencimento do magistrado.
Assim, utilizando-se da interdisciplinaridade das ciências forenses e a integração da equipe multidisciplinar, é possÃvel avaliar o risco da mulher, responsabilizar o/a agressor/a e combater o feminicÃdio. Além de possibilitar a identificação de múltiplas lesões e de diferentes cronologias, para verificação de possÃvel caso de violência reiterada.
Percebe-se que as mulheres em situação de violência tendem espontaneamente a procurar e usar mais os serviços de saúde. Os serviços de atenção primária em saúde precisam criar espaços para ouvir, entender e enfrentar a violência de gênero.
Neste contexto, fica evidente que os profissionais dos serviços de saúde, médicos, enfermeiros, possuem importante papel na detecção e identificação dos casos de violência doméstica e suas vÃtimas, já que são eles quem prestam os primeiros atendimentos a elas.Â
As mulheres vÃtimas de violência apresentam lesões com maior prevalência na região da cabeça e pescoço, área de atuação do cirurgião dentista, o que torna o odontólogo de fundamental importância no atendimento de mulheres violentadas.
A psicologia também ganha destaque, tendo em vista que o trabalho deste profissional aliado a área jurÃdica contribui para que as mulheres consigam promover transformações individuais e relacionais, ou seja, mudanças no âmbito pessoal e também no que diz respeito ao seu relacionamento conjugal/familiar.Â
Nessa senda, diversas áreas do saber auxiliam na investigação dos delitos com perspectiva de gênero. Ainda há muito o que se fazer, o debate deve ser ampliado nos mais variados ambientes acadêmicos, legislativos e jurÃdicos, considerando a sociedade plural, em que todos, invariavelmente, estão inseridos, buscando, para tanto, o ideal de justiça e igualdade.
 1 -WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2015: homicÃdio de mulheres no Brasil. BrasÃlia: Flacso, 2015. DisponÃvel em http://www.mapadaviolencia.org.br/ pdf2015/ MapaViolencia_2015_mulheres.pdf. Acesso em: 12 dezembro 2023.
2-GARBIN, Cléa Adas Saliba; GARBIN, Artênio José Isper; DOSSI, Ana Paula, DOSSI, Mário Orlando. Violência doméstica: análise das lesões em mulheres. Cad. Saúde Pública, 2006. DisponÃvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006001200007. Acesso em: 12 de dez. 2023
3-DESLANDES, Suely F.; GOMES, Romeu; SILVA, Cosme Marcelo Furtado Passos da. Caracterização dos casos de violência doméstica contra a mulher atendidos em dois hospitais públicos do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública 2000. DisponÃvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2000000100013&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 12 de dez. 2023.
Conheça a autora:
Bruna Veiga - Associada EBDM
REFERÊNCIAS
DESLANDES, Suely F.; GOMES, Romeu; SILVA, Cosme Marcelo Furtado Passos da. Caracterização dos casos de violência doméstica contra a mulher atendidos em dois hospitais públicos do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública 2000. DisponÃvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2000000100013&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 12 de dez. 2023.
GARBIN, Cléa Adas Saliba; GARBIN, Artênio José Isper; DOSSI, Ana Paula, DOSSI, Mário Orlando. Violência doméstica: análise das lesões em mulheres. Cad. Saúde Pública, 2006. DisponÃvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006001200007. Acesso em: 12 dez 2023.
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2015: homicÃdio de mulheres no Brasil. BrasÃlia: Flacso, 2015. DisponÃvel em http://www.mapadaviolencia.org.br/ pdf2015/ MapaViolencia_2015_mulheres.pdf. Acesso em: 12 dez 2023.